COP30
30ª Conferência das Partes (Conference of the Parties)
30ª Conferência das Partes (Conference of the Parties)
A Conferência do Clima da ONU (COP30), marcada para novembro de 2025, será realizada em Belém (PA). Para receber o evento, um projeto de R$ 980 milhões foi adaptado às pressas, utilizando a área do antigo Aeroclube da capital paraense, hoje transformada no Parque da Cidade.
Esse terreno, com 500 mil metros quadrados, abrigou por mais de 80 anos operações de aviação militar e civil. Agora, o espaço está sendo preparado para receber chefes de Estado, autoridades internacionais e milhares de participantes da COP.
A ideia de transformar o antigo aeroclube em um parque urbano surgiu antes mesmo de Belém ser escolhida como sede da conferência. O projeto, vencedor de um concurso nacional de arquitetura, ficou engavetado por anos por falta de recursos. A confirmação da cidade como anfitriã da COP30 foi o impulso necessário para tirar a proposta do papel.
O parque está sendo construído com investimentos de R$ 980 milhões, financiados pela mineradora Vale dentro do programa estadual Estrutura Pará — uma parceria público-privada criada pelo governo do estado em colaboração com empresas do setor mineral.
“Belém tem carência de áreas públicas de lazer em regiões centrais. Esse parque era uma demanda antiga, e a COP apenas acelerou sua concretização”, afirma Olga Lucia Castreghini de Freitas, professora do programa de pós-graduação em Geografia da UFPA.
Sem a COP, o projeto dificilmente teria saído do papel, concorda o professor José Júlio Ferreira Lima, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. Para ele, a obra representa uma das intervenções mais significativas na capital paraense atualmente. “É uma mudança real para a cidade”, diz.
Segundo o professor, a concepção do parque precisou levar em conta o contexto amazônico: com calor intenso e pouca vegetação urbana, Belém não comporta modelos tradicionais de parques como os do Sudeste ou de países de clima temperado. Por isso, o foco foi criar uma estrutura com forte presença esportiva e cultural — algo inédito na cidade.
Em junho, parte do parque chegou a ser aberta ao público, com quadras esportivas, pista de skate e quiosques. No entanto, pouco depois, o local foi fechado novamente para a montagem das estruturas da conferência.
A entrega final do Parque da Cidade está prevista para 1º de novembro, dez dias antes do início oficial da COP. Segundo o governo estadual, cerca de 97% das obras já foram concluídas, e um terço dos pavilhões já está pronto. Parte da estrutura começa a operar em outubro, durante as pré-sessões e a cúpula de líderes, marcada para os dias 6 e 7 de novembro.
A COP30 será dividida em duas áreas principais dentro do Parque da Cidade:
Blue Zone
Com 160 mil m² e um perímetro de segurança que se estende por 240 mil m², a Blue Zone é a área destinada às negociações oficiais entre países. Serão instalados mais de cem pavilhões modulares, duas grandes plenárias, áreas de convivência e escritórios para as quase 200 delegações internacionais.
O contrato para a construção da Blue Zone está orçado em R$ 182,6 milhões, com entrega prevista para outubro. No entanto, ajustes finais e mobiliário devem ser concluídos apenas nos dias que antecedem a abertura da conferência — o que tem sido padrão em edições anteriores, como Paris (COP21), Glasgow (COP26) e Dubai (COP28).
Nesse espaço restrito, com acesso controlado e credenciamento feito diretamente pela ONU, ocorrem as negociações diplomáticas, as sessões plenárias e as reuniões bilaterais que podem resultar em acordos climáticos globais, como o Acordo de Paris ou o fundo de perdas e danos criado no Egito, em 2022.
A Blue Zone também abrigará os pavilhões nacionais, onde cada país apresenta suas políticas ambientais e projetos climáticos, além das salas de imprensa utilizadas por jornalistas de todo o mundo.
Green Zone
Voltada para a sociedade civil, a Green Zone será um espaço mais aberto, com credenciamento flexível organizado pelo governo brasileiro — embora ainda sujeito a controle de segurança e capacidade de público.
Ali, ONGs, empresas, movimentos sociais, instituições acadêmicas e representantes de comunidades tradicionais terão espaço para apresentar projetos, debater temas ambientais e promover atividades culturais. Estão previstos pavilhões temáticos, auditórios, áreas de exposição e palcos para eventos.
O objetivo é permitir maior participação da sociedade em temas como bioeconomia, tecnologias limpas, juventude e saberes dos povos tradicionais.